sexta-feira, 29 de maio de 2009




A dieta da pré-história
Edição 341 - Nov/04 Revista Epoca



SEMEANDO O terapeuta Fernando Travi pretende organizar o primeiro spa crudivorista do Brasil, no interior de São Paulo

O fogo, domesticado pelos primeiros humanos há cerca de 120 mil anos, foi um dos fatores determinantes para que a espécie sobrevivesse à era glacial.Sem o fogo, estaríamos extintos. Mas isso não impede que ele caia em desuso. O último modismo gastronômico americano, o crudivorismo, ou raw foodism, prega uma dieta baseada no consumo exclusivo de frutas, castanhas, folhas, algas, cogumelos, grãos germinados e, eventualmente, mel. Tudo cru, e de preferência orgânico. A premissa é que o corpo humano só estaria adaptado a consumir os alimentos como a natureza os fornece, da mesma maneira que o fazem os animais. A afirmação não tem base científica, mas os participantes do movimento não se abalam com isso - segundo David Wolfe, o papa dessa corrente, as universidades não apóiam sua teoria ''porque ela contraria os interesses das grandes corporações''.

O movimento, que surgiu no início da década de 90, já fez o prato de celebridades hollywoodianas como a atriz Alicia Silverstone e o ator Woody Harrelson. Demi Moore atribui sua forma física à dieta crua (mais duas horas de malhação por dia), mas há suspeitas de que ela não é totalmente fiel ao receituário. Independentemente da badalação dos famosos, a gastronomia sofisticada e instigante inspirada na dieta radical é a mais efetiva publicidade do movimento. O restaurante Deloonix, de São Paulo, com inauguração marcada para janeiro, dedicará 40% do cardápio à comida crua. Os pratos brincam com as formas da comida convencional. A novidade está nos ingredientes e nas maneiras de processá-los - nada ultrapassa a temperatura de um dia quente de verão. Resulta em sabores inusitados. Mas este deve ser só o começo: existem mais de 60 restaurantes de comida crua nos Estados Unidos e pelo menos cinco no Canadá. A Costa Rica abriga inúmeras oficinas e spas crudívoros. E o movimento já foi exportado para países da Europa, como Inglaterra, Holanda e Alemanha.





AULAS Adeptos do crudivorismo aprendem a fazer suco de clorofila e preparar grão-de-bico germinado nas oficinas da Fundação Oswaldo Cruz, onde a médica Maria Luiza (acima, segurando uma folha) cultiva vegetais numa horta sem agrotóxicos



VENDA Uma vez por semana, na Feira do Desenho Vivo, no Rio, aprendizes de crudivorismo vendem os pratos experimentais a R$ 2
O guru David Wolfe, de 34 anos, declara estar longe do cozido há uma década. ''Só porque conseguimos mastigar algo e viver o suficiente para contar a história, não significa que estejamos consumindo a melhor comida'', ironiza. Wolfe tem seis livros sobre o assunto e comanda o site Nature's First Law (www.rawfood.com), que comercializa mais de 500 itens relacionados à nova dieta. Os crudívoros americanos sustentam que o ser humano só deve comer frutas, castanhas e folhas verdes. Os brasileiros complementam com grãos germinados. ''Crudivorismo é simplesmente a dieta eterna de todas as criaturas da Terra'', prega Wolfe. Provavelmente ele não liga para as evidências antropológicas. A partir das arcadas dentárias de nossos ancestrais e de restos encontrados em sítios arqueológicos, elas apontam para uma dieta variada, até com carne putrefata. Além disso, estudos mostram que vários alimentos ''naturais'' e ''orgânicos'' são tão perigosos quanto qualquer outro quando consumidos em excesso - brotos de bambu podem conter cianeto e já mataram muita gente, excesso de grão-de-bico causa até lesões ä neurológicas e soja pode provocar desequilíbrio hormonal em mulheres. Wolfe, que prega contra as ''grandes corporações'', afirma não saber se é ou não um homem rico. Mas diz que reinveste 70% do que ganha e doa 20% para sua ONG, a Fruit Tree Planting Foundation (Fundação Plantadora de Árvores Frutíferas), cujo objetivo é cultivar 18 bilhões delas pelo mundo.



''A decadência do homem começou com o uso do fogo. Com uma maçã e amêndoas já temos um almoço''

FERNANDO TRAVI, terapeuta

Embarcar na nova prática não é tão natural quanto se prega. Para superar as dificuldades, surgiu a figura do raw-coach, espécie de treinador aos aspirantes do crudivorismo. O terapeuta Fernando Travi, praticante da dieta há cinco anos, assessora a mudança gradual dos interessados. Ele se refere à prática como Biogenia, uma ciência que, ao pé da letra, significa geração de vida. ''A decadência do homem começou com o uso do fogo'', afirma Travi. O ex-psicólogo recomenda que os vegetais sejam consumidos inteiros e que as refeições incluam, no máximo, três alimentos distintos. ''Com uma maçã e um punhado de amêndoas já temos um almoço.'' Concorda com os preceitos alimentares de David Wolfe, mas aconselha também leite fresco de vaca aos pacientes. Planeja para breve realizar oficinas de crudivorismo em uma fazenda na região de São Francisco Xavier, no interior de São Paulo. Será o primeiro spa cru.



No Rio de Janeiro, há até um grupo de estudos. O Biochip foi fundado por Ana Branco, professora do Departamento de Artes da PUC, que vive de vegetais crus há dez anos. A dieta já virou princípio artístico. A partir de extratos das frutas, sementes e hortaliças, Ana cria pigmentos para compor o visual dos pratos.

Inspirada na experiência de mudança alimentar, a médica Maria Luiza Nogueira, irmã de Ana Branco, criou na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) o projeto Terrapia, um campo de experimentação para as descobertas do Biochip. ''O crudivorismo, ou alimentação viva, trabalha com o conceito de energia vital'', afirma a médica. ''A dieta se baseia na Biofísica, que estuda as questões dos elétrons, dos fótons, dos campos eletromagnéticos. Você alimenta esse campo, não necessariamente a matéria'', explica. O Terrapia, fundado há sete anos, tem uma horta orgânica e um centro comunitário, aberto ao público. De segunda a sexta-feira, os interessados podem aprender a fazer suco de clorofila e preparar comida crua. Antes de comer, entoam um cântico indígena cujo refrão, ''biu-porã'', significa ''comida boa''.




ARTE Pigmentos derivados dos vegetais são usados para embelezar os pratos

Fotos: CarlosMagno/ÉPOCA




SALADA CRUA
Mitos e verdades sobre o crudivorismo
Mito Verdade
O crudivorismo é a cura para todas as doenças conhecidas, como câncer
A dieta exclusiva de vegetais crus pode suprir todas as necessidades nutricionais e garantir uma saúde perfeita

O crudivorismo surgiu há 6 mil anos, com os essênios, da Palestina

A dieta de comida crua é tão saudável que leva a viver 120 anos ou mais
Não há evidências de que nenhuma dieta ajude a tratar o câncer
O crudivorismo quase não tem proteínas e calorias. Faltam elementos essenciais, como niacina, vitamina B12 e ferro

Há registros essênios de 2 mil anos, mas não se sabe o que esse povo comia

Não há registro de nenhuma pessoa, viva ou morta, que tenha atribuído idade avançada a essa prática

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Agora comida tem vida própria

O life food prega que os alimentos crus e, principalmente, os brotos têm mais energia vital.
E são capazes de transmiti-la a quem os come

por TÂNIA NOGUEIRA


VIVACIDADE
A chef Tiana Rodrigues diz que sua disposição aumentou muito com a dieta de comida viva

A comida natural vem ganhando tantos adeptos que já não é possível falar de um movimento único. A mais nova tendência a chegar ao Brasil é a comida viva. Não, não se trata de comer ostras à beira da praia. Isso já faz sucesso no país há alguns anos, mas não atende aos requisitos de comida vegetariana. A comida viva naturalista é uma variação do vegetarianismo. Usa principalmente os brotos e as sementes germinadas. Inclui frutas, verduras e legumes orgânicos e extremamente frescos. Parece o ápice da simplicidade. Mas, no mundo moderno, aderir a essa culinária não é nada simples. Para comer cru, ninguém pode ser apressado. Alguns pratos levam mais de 30 horas para ser preparados. Nada pode ser cozido. Alguns alimentos podem e devem ser aquecidos ou desidratados, mas nunca acima de 40 graus Celsius. Esses são os processos que mais demoram.

A comida viva, ou life food, como é chamada em Nova York, praticamente não difere da dieta crudivorista, ou raw food, como ficou famosa na Califórnia. Talvez a life food dê um pouquinho mais de ênfase às sementes germinadas. Hoje, nos Estados Unidos, existem vários restaurantes que levam um desses dois rótulos. No Brasil, o primeiro a se intitular de “comida viva” foi o Universo Orgânico. De um ano para cá, ele virou mania entre famosos e descolados do Rio de Janeiro.

A chef do restaurante, Tiana Rodrigues, que tem a melhor empadinha viva da cidade (damos a receita em nosso site), começou a se envolver com a comida viva, ou crudivorismo, com o grupo da professora Ana Branco, que se reúne na Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro para trocar informações e divulgar a idéia. Ela é uma das seguidoras de David Jubb, o pai da life food. A dieta adotada pelos adeptos da comida viva se baseia nas teorias do neurofisiologista australiano, dono do Jubb’s Longevity, um instituto/restaurante/mercadinho em Nova York.

Como germinar grãos e castanhas?
As sementes germinadas são a base da comida viva. Aprenda a prepará-las
1 - De molho
Coloque de uma a três colheres (de sopa) de grãos em um vidro limpo. Cubra com água e deixe de molho por uma noite (oito horas) 2 - Troca de água
Cubra o vidro com um pedaço de filó. Prenda com um elástico. Despeje a água. Enxágüe bem sob a torneira 3 - Escorredor
Coloque o vidro em um escorredor em local sombreado e fresco. Em um dia quente, a germinação deve começar em 24 horas



Segundo Jubb, comer comida crua é mais saudável porque, quando o alimento é cozido acima de 40 graus, ele perde suas enzimas. Isso faria com que nosso corpo fosse obrigado a gastar nosso precioso estoque de enzimas, essenciais para nos manter vivos. Mais que isso, a germinação liberaria uma série de enzimas que tornariam a digestão ainda mais fácil. O médico diz também ter constatado que os alimentos industrializados são responsáveis por uma maior acidez do sangue e afirma que, quanto mais alcalino, mais saudável será nosso organismo.

Quando arrancado do solo, separado de sua raiz, um vegetal morre. Mas suas sementes guardam vida em estado latente. Ela se manifesta quando há a germinação. “O broto ainda está vivo quando a gente o come”, diz Tiana. “Por isso, tem tanta energia vital. Mas os vegetais recém-colhidos também têm bastante energia.”

Essa linha de dieta está longe de ser um consenso. Segundo a nutricionista Tânia Rodrigues, da consultoria RGNutri, em São Paulo, os sais minerais são importantes para manter o equilíbrio das enzimas dentro de nosso organismo. “Mas a melhor fonte de minerais são as carnes, não os vegetais crus.” Se você quiser acrescentar grãos germinados a sua dieta equilibrada, isso só lhe fará bem, diz Tânia. “Os germens são ricos em proteínas, vitaminas e sais minerais.” Para quem não come nada de origem animal, aí sim, é mais importante acrescentar brotos e sementes germinadas na cozinha do dia-a-dia.

Almôndegas de quinoa germinada
Embora crua, a comida viva não é simples de fazer. Mas se quiser tentar...
Almôndegas:1 xícara de aipo, 1 xícara de quinoa, 1 xícara de nozes, 1 xícara de linhaça dourada em pó, 1/2 xícara de azeite, 1/2 cebola, 1/2 xícara de passas, 1 colher (sopa) de sal do Himalaia, 1/2 xícara mineral

Bater tudo no processador e adicionar a linhaça em pó no final. Formar bolinhas e colocar para desidratar em uma grelha sobre uma panela de barro a 38 graus Molho de cenoura:1 pedacinho de gengibre, 1 cenoura grande, 1/4 xícara de castanha-de-caju crua (oito horas de molho), 1 xícara de linhaça dourada em pó
Molho de tomate: 1 xícara de tomate seco (duas horas de molho), 6 tâmaras, 2 xícaras de tomate, 1 pitada de sal Salada de rúcula com linhaça germinada, tâmaras e peras:
Lavar e higienizar um punhado de rúcula. Fazer um molho com tâmaras, limão e azeite. Acrescentar linhaça germinada. Enfeitar com tiras de pêra
Montagem:
Colocar o molho de cenoura no prato, depois a almôndega em cima e em seguida o molho de tomate. Ao lado colocar a salada de rúcula com linhaça. Apreciar o colorido do prato



No entanto, para ela, a destruição de enzimas durante o processo de cocção não significa que tenhamos necessidade de comer só alimentos crus. “O cozimento destrói apenas as enzimas responsáveis pelo envelhecimento do vegetal. Não altera as enzimas que nos ajudam a digeri-lo”, diz Tânia.

Saúde à parte, o restaurante de Tiana tem feito sucesso pelo paladar de seus pratos. Ricos em ingredientes e sabores, eles quase sempre levam algum tipo de broto. Além dos pratos, o Universo Orgânico é uma espécie de empório. Lá, Tiana não dá conta de vender biscoitos crus, sucos com germens e clorofila, pão essênio e as famosas empadinhas vivas, feitas de uma massa de macadâmia crua e desidratada.

Um dos empecilhos para as pessoas se decidirem a fazer uma refeição inteira de comida crua é a idéia de que ela será obrigatoriamente fria. “Há uma série de pratos quentes”, diz Tiana. “Sirvo-os a uns 38 graus.” Muitos vegetais precisam ser desidratados para tornar-se comestíveis, como é o caso da berinjela e dos brócolis. Outros, como o tomate, ficam gostosos quando secos. Mas não é tão fácil fazer vegetais desidratados. Em seu restaurante, Tiana tem um desidratador trazido dos Estados Unidos. Uma peça que não se encontra por aqui.

Para quem não tem o desidratador, ela sugere que se use uma grelha sobre uma panela de barro vazia aquecida em uma espiriteira elétrica (daquelas de camping). “É preciso também ter um termômetro”, diz. “Quando a temperatura da panela atingir os 38 graus, você desliga a boca. O barro conserva o calor por muito tempo. Quem mora no Nordeste pode desidratar os alimentos ao sol.”
SAUDÁVEL, BOM E BONITO
Chefs investem em beleza e paladar, como no caso das almôndegas de quinoa (R$ 21,90), do Universo Orgânico

Esta última seria a opção mais condizente com a filosofia da comida viva. s O processo de desidratação pode levar horas ou mesmo dias. Os desidratadores elétricos consomem muita energia. O que não bate com a imagem pregada por Jubb de uma alimentação boa para a pessoa e para o planeta. Em tese, quando consumimos vegetais crus, todas as sobras podem ser aproveitadas para virar adubo. Não há lixo. “Os desidratadores são uma contradição mesmo”, diz Tiana. “No restaurante, tento evitar desperdício racionalizando o uso. Procuro reunir alimentos que tenham o mesmo tempo de desidratação e só ligar o aparelho quando estiver com a capacidade máxima de acomodar alimentos preenchida. Mas os grupos mais puristas de comida viva nunca usam o aparelho elétrico.”

Além dos desidratadores, podem-se improvisar germinadores domésticos (leia o quadro à pág. 81). Cênia Salles, dona do restaurante e mercearia Empório Siriuba, em São Paulo, conta que no fim dos anos 70 viajou à Califórnia e, lá, já ouviu falar da importância das sementes germinadas. Trouxe até algumas na bagagem para servir em seu restaurante, na época o Cheiro Verde. Mas logo elas acabaram e Cênia teve de germinar as próprias sementes. “Criei uma caixa de madeira com uma tela de metal que me permitia deixar de molho e depois escorrer.” Hoje, seu restaurante tem alguns sucos, pães e saladas com grãos germinados.

De 2004 a 2006, funcionou em São Paulo o restaurante Deloonix, que servia raw food, além de peixes e pratos vegetarianos. Mas os paulistanos não aderiram à novidade como os cariocas. “Era um restaurante gourmet, caro”, diz Rafael Rosa, que estudou raw food na Califórnia e elaborou o primeiro cardápio do Deloonix. “Ele vinha na linha de restaurantes americanos, como o Charlie Trotter ou o Roxanne, que apostavam na curiosidade gastronômica do público para experimentar a novidade.”

Rosa não desistiu da linha. Ainda pratica a dieta crudivorista em casa. E pretende vender alguns doces, biscoitos e tortas crus na padaria Pão, que deve inaugurar no dia 8 de agosto, em São Paulo. De acordo com ele, mesmo nos Estados Unidos a aposta puramente na moda não deu muito certo. “O Charlie Trotter faz outras coisas além de raw food, e o Roxanne fechou. O que pegou mesmo foram as centenas de pequenos cafés que atendem um público interessado em levar uma vida mais simples.”
27/07/2007 - 18:41 | Edição nº 480

CONSUMO

Comida viva
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Pão dos Essênios:
2 xicaras de trigo germinado ( 8 horas de molho e 8 horas germinando )
1 cl de sopa de azeite orgânico prensado a frio
1 pitada de sal do himalaia
ervas frescas
½ xícara de água mineral
Bater tudo no liquidificador e abrir como se fosse pizza fina e depois secar no sol ou no desidratador.

Empada de Macadâmia:
2 xicaras de nozes macadamia ( 8 horas de molho )
1 cl de suco de limão
1 cl de levedo
pitada de sal do Himalaia
2 cl de água
Bater no liquidificador e abrir tipo pizza , colocar no desidratador por 7 horas depois colocar nas forminhas e voltar pro desidratador por mais 8 horas,
Recheio de legumes picados com tomate cereja e shitake cogumelo.



Fotos: Felipe Varanda/ÉPOCA

http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG78229-8055-480,00.html
Comida viva

No princípio, eram os vegetarianos, os hippies, os naturebas. Depois, vieram os vegans, os crudívoros, os sem lactose. Até chegar aos atuais orgânicos. Alimentação saudável continua em voga, mas no topo da cadeia alimentar verde agora está a comida viva.


Dieta da comida viva prega que sementes germinadas são 20 mil vezes mais poderosas em nutrientes

brotinho bom

por Marianne Piemonte
fotos Amilcar Packer

No princípio, eram os vegetarianos, os hippies, os naturebas. Depois, vieram os vegans, os crudívoros, os sem lactose. Até chegar aos atuais orgânicos. Alimentação saudável continua em voga, mas no topo da cadeia alimentar verde agora está a comida viva.

É bem possível que um gourmet fique aterrorizado com uma dieta que não usa sal, açúcar, laticínios ou glúten. Na qual legumes, frutas, verduras e algas marinhas não são cozidos, quando muito são desidratados em processos que não passam de 40ºC. E, o principal: grãos germinados são a base das refeições. Sim, sementes brotando estão para essa dieta como as trufas estão para a alta gastronomia. Para os adeptos da comida viva, os abrolhos contêm uma concentração nutricional muito superior à de qualquer outro alimento. A explicação para essa potência seria simples: é nessa etapa que a semente reúne toda a sua "força" para eclodir, acreditam os "vivos".

A descrição pode ser inapetente, mas desanuvie qualquer imagem daqueles biscoitos opacos vendidos em lojas naturais. Crenças nutricionais à parte, a comida viva provada pela reportagem é atraente e saborosa. As receitas criadas por Tiana Rodrigues, 43, no restaurante Universo Orgânico, na zona sul carioca -o primeiro do país especializado em alimentação viva-, instiga até comedores de toicinho à pururuca.

O Rio de Janeiro, aliás, quase não é preciso dizer, é o celeiro dessa modalidade alimentar -haja vista a quantidade de lojas de produtos naturais, fazendas orgânicas e outras tendências saudáveis que brotaram (ops) primeiro por lá, como o açaí e os quiosques de água-de-coco.

Em São Paulo, nas escolas de ioga e em mercadinhos de produtos orgânicos freqüentados por naturebas descolados, já se ouve um zunzunzum sobre a comida viva.

Depois de quatro anos em Nova York, ao lado de David Jubb (leia entrevista), um dos mestres da "life food" mundial (o termo foi cunhado primeiro assim, em inglês), a dona do restaurante carioca adotou física e juridicamente essa dieta. Tiana diz que a comida industrializada perdeu sua principal característica, que é fornecer energia para o corpo.

"Se você come uma feijoada, fica exausto depois. Isso porque o organismo vai precisar das enzimas que produz para a digestão. Com a comida viva isso não acontece, porque ela não mata, com o cozimento, as enzimas que os próprios alimentos possuem. Ou seja, o corpo não gasta energia para fazer mais dessas substâncias", explica ela, que tem título de "médica do futuro" pelo instituto americano Jubb's Longevity, de David Jubb.

Os especialistas em comida viva acreditam que tal economia rejuvenesce, pois evita um desgaste desnecessário do metabolismo, já que a produção de enzimas pelo organismo humano é reduzida ao longo do tempo.

A chefe da disciplina de nutrição da Unifesp, Anita Sachs, 45, concorda que o corpo deixa de fabricar algumas delas com a idade, mas é enfática ao dizer que não há prejuízo nenhum para a saúde em utilizá-las para digerir uma feijoada com orelha e tudo.

Alheia a teorias nutricionais, a artista plástica Mana Bernardes, 25, trata um sério problema no intestino há sete anos com o suco do sol, uma fórmula que mistura couve, maçã, grãos germinados, cenoura, pepino etc etc e é o primeiro mandamento dos adeptos da alimentação viva.

À época, ela havia saído de uma consulta médica com uma receita de antibiótico nas mãos e estava com receio de tomá-lo, por causa dos efeitos colaterais. "Na mesma tarde, eu e minha mãe encontramos uma senhora que dizia ter se curado de um problema sério nos pulmões tomando o suco do sol três vezes por dia. Comecei naquela semana e não parei mais", conta Mana. "Hoje, me sinto mais disposta, meu cabelo é mais viçoso e é raro eu ter alguma crise de intestino. A comida viva tem uma visão holística, não trata da doença, mas da saúde da pessoa como um todo", acredita.

Nem a rotina acelerada tira Mana da dieta viva. Quando viaja, costuma levar sementes germinando na bolsa. "Quando almoço num quilo, faço um pratão de salada e jogo os meus grãos por cima."

Sangue bom
Outra função atribuída à comida viva por seus defensores é a alteração do pH do sangue. "A alimentação viva alcaliniza o sangue, enquanto a industrializada o torna mais ácido e o transforma no ambiente perfeito para disseminação de doenças, como cânceres e diabetes", diz Tiana.

Não há nenhuma comprovação científica para esse tipo de afirmação, diz a professora de bioquímica de alimentos e especialista em alimentos funcionais da Universidade Federal do Paraná, Lys Mary Cândido, 55. "O pH do sangue varia entre 7,35 e 7,45. Abaixo de 7,35, você tem uma situação patológica chamada acidose e, acima de 7,45, a alcalose. Tanto um extremo como o outro apontam para processos patológicos", explica.

A bioquímica só pega leve na análise da comida viva quando o assunto é cozimento. Ela vê vantagem no fato de os alimentos serem cozidos em temperaturas abaixo de 40ºC. "O cozimento em água pode levar à perda de nutrientes solúveis na água, que geralmente é descartada. E a fritura pode levar à formação de acroleína (substância que aumenta o risco de câncer) e de radicais livres (que contribuem para o envelhecimento precoce)."

Vale lembrar, diz a professora, que o cozimento tradicional tem outros efeitos benéficos. "A cocção também destrói microorganismos que contaminam os alimentos."

Mas o cerne da discussão diz respeito à tese-mor dos "vivos" de que os grãos germinados são infinitamente mais nutritivos do que qualquer alimento. "Acreditamos que um grão germinado aumente em 20 mil vezes seu potencial nutricional, além de quebrar seu bloqueador de enzimas e tornar-se mais alcalino quando brota", explica Tiana.

Tanto a chefe da nutrição da Unifesp, Anita Sachs, quanto a professora de bioquímica Lys Mary Cândido concordam que não há como mensurar cientificamente quanto um grão germinado é mais nutritivo do que outro alimento.

Alimento morto
O estilista carioca Marcelo Gomes, 40, também adotou o suco do sol em sua dieta, mas vira e mexe caía nas perdições de uma padaria. "Agora radicalizei, eu e minha mulher recebemos diariamente às 8h o suco em casa. Eu me sinto muito mais disposto e há sete meses não tenho um resfriado", conta.

Nos dias mais corridos, ele recorre a arroz integral e peixe para matar a fome, mas sempre quando pode dá uma passada no Universo Orgânico, onde almoça uma panqueca viva de linhaça dourada enquanto o cão Boris, um west highland de cinco anos, delicia-se com suco de pêra, couve e água-de-coco.

A alimentação trivial de boa parte dos brasileiros, como um pingado e pão com manteiga na chapa -que Marcelo considera "escorregadas"- é considerada veneno para quem adota a dieta viva.

Segundo a guru desse tipo de alimentação no Brasil, a professora de artes e design da PUC-Rio Ana Branco, 62, que coordena um curso aberto e multidisciplinar sobre o assunto, "todo alimento tem uma célula de silício em seu interior, onde estão todas as suas informações nutricionais, que chamamos de 'biochip'. Quando cozida, essa célula se rompe e comemos um alimento morto, que não oferece ao organismo o que ele precisa", diz.

Há 13 anos, Ana Branco segue rigidamente a dieta viva e diz ter se curado de uma asma que a acompanhou dos 18 aos 50 anos. "Essa alimentação traz energia e é força vital pura. O que faço não é novidade. Hipócrates, pai da medicina, já dizia: 'Deixe a comida ser a sua medicina'."

Toda quinta-feira, no campus da PUC-Rio, Ana promove a feira do Desenho Vivo, onde voluntários ensinam receitas de comida viva. Para paulistanos que não pretendem pegar a ponte aérea, ela ensina a fazer o suco da luz, base desse tipo de dieta, no site YouTube (http://www.youtube.com:80/watch?v=zwWv-fSUf6s).

Na contramão da trilha pop que os grãos germinados vêm tomando, Ana acredita que esse tipo de alimentação não pode ser comercializada e que cada indivíduo tem o poder de se curar e deve fazer a própria comida (viva).

Se considerarmos a voracidade moderna por dietas e tendências alimentares, a doutrina do brotinho já cavou o seu canteiro. Mas, entre "vivos" e "não vivos", há de se reconhecer: comer semente germinada ainda não matou ninguém.

como fazer comida viva (ou como germinar grãos)

Segundo os adeptos da dieta, podem ser germinadas todas as sementes comestíveis pelos homens e pelos pássaros, como girassol, aveia, trigo, linhaça, soja, centeio, gergelim, lentilha, quinua, ervilha etc.

1 Coloque três colheres (sopa) de grãos em um vidro limpo e deixe-os de molho em água mineral por uma noite (cerca de oito horas)

2 Com um pedaço de filó (tecido escolhido por ser mais poroso e natural) e um elástico, feche a boca do vidro e escorra a água. Lave as sementes e deixe-as escorrendo com o vidro inclinado, num escorredor, em um local com sombra e arejado por mais oito horas

3 Depois do primeiro molho, lave os grãos pela manhã e à noite e deixe-os escorrer ao longo do dia. Em dias mais quentes, os primeiros sinais de germinação -um fio branco que rompe a casca do grão- deverá surgir em 24 horas



Fonte : REvista da Folha

http://www1.folha.uol.com.br/revista/rf0107200709.htm

globo repórter comida viva 2



Bom, barato e saudável
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http://grep.globo.com/Globoreporter/0,19125,VGC0-2703-20159-3-328479,00.html
Reportagem: Ismar Madeira (Rio de Janeiro)
Quem vê o motorista particular Clóvis Evaristo pechinchando o preço da abobrinha e do pimentão e escolhendo salsinha e cenoura na feira nem imagina que até outro dia ele nem passava perto de comida leve. Cozinhar, então...
Dependendo da localidade da feira, em cada cidade, os preços podem ter variações. Clóvis pesquisa bem na hora que está começando a xepa. Então, dá para negociar os preços e, assim, escolher o cardápio.
Dependendo das ofertas, ele decide o que fazer para o almoço. Clóvis aprendeu a cozinhar com o chefe, o médico e nutrólogo João Curvo, que orienta: "Já que temos a ciência de que as frituras, as gorduras e os açúcares nos causam tanto mal, podemos diminuir a freqüência, não necessariamente bani-los".
E foi assim que o motorista Clóvis virou professor de culinária. O curso é para empregadas domésticas que precisam aprender a cozinhar para patrões que precisam emagrecer. Dependendo do caso e da casa, além da obesidade, colesterol alto, hipertensão e diabetes são os problemas mais comuns. Veja a dica de Clóvis: "Cozinhar na tampa da panela. É muito fácil, prático e rápido".
Para cozinhar no vapor, basta enrolar um pano de prato envolvendo os legumes comprados na feira e virar a tampa em uma panela com água fervente. São necessários sete minutos.
"Se você cozinha na água, quando joga a água fora, todos os nutrientes vão embora. No vapor, não acontece isso. Você mantém todos os nutrientes nos legumes", explica Clóvis.
Não precisa de nenhuma panela especial. O músculo é a carne mais barata e muito nutritiva. Alguns temperinhos depois, surge um prato bonito. A batata fica uma delícia. A carne fica macia, fácil de cortar.
No total, dá para fazer cinco pratos com R$ 21. Cada prato sai por R$ 4,20 e ainda sobra muita coisa. É barato, saboroso e saudável.
A renda mensal de Clóvis aumentou 20 % com as aulas de culinária. "É um bom negócio saber cozinhar hoje em dia", afirma. Ele garante: vale a pena mudar o cardápio e aprender novas receitas.
"A Sandra rejeitava, não gostava. Ela era muito atenciosa porque queria aprender. Mas, a princípio, a intenção dela era só fazer para a patroa", conta Clóvis.
O que a empregada doméstica Sandra da Conceição Oliveira aprendeu no trabalho, ela acabou levando para a casa dela.
"Hoje vai sair uma lasanha de abobrinha, arroz integral e uma salada", anuncia para o almoço. Que tal? É bem diferente das antigas receitas dela.
"Antes, a minha lasanha era de massa, queijo, muito presunto e massa de tomate. Eu achava que estava fazendo bem a mim e a minha família. Fazendo o curso, eu aprendi que nada daquilo estava fazendo para mim nem para as outras pessoas. Mudou muito a minha vida. Eu mesma não imaginaria que chegaria lá. Eu pesava 95 quilos. Agora, estou pesando 71 quilos. Me sinto melhor, mais leve. Me sinto de bem com tudo – com a vida, com o corpo. Me sinto muito mais saudável. Eu tinha muita azia e cansaço. Hoje em dia, não tenho mais. Nunca tomei nenhum medicamento. Então, para mim, cansaço e azia foram acabando naturalmente. Depois que fiz o curso, fui ver que era gordura", conta Sandra.
E se as novas receitas de Sandra agradaram à família dela, parece que no trabalho, os pratos foram um sucesso.
Sandra acredita que, na prática, o mercado de trabalho está valorizando quem tem a qualificação de saber cozinhar de forma mais saudável.
"Eu, por exemplo, ganhei um aumento de salário. Tive contato com duas outras alunas que também foram gratificadas. Nós fomos reconhecidas pelos patrões. Isso abre as portas de trabalho, porque sabemos fazer pratos", diz Sandra.
E que pratos!
"Antes comíamos muita massa, carne frita, gordura e muita batata", lembra Bianca Oliveira, filha de Sandra.
"No início, eu não gostava, mas tive que me acostumar", diz Raquel Oliveira, filha de Sandra.
"Eu fui convencendo aos poucos. Fui fazendo e comendo. Então, elas me viam comer e experimentavam. Foram gostando, até que agora todas nós comemos. Foi o exemplo da mãe", acredita Sandra.
E é bom lembrar: a lasanha é de abobrinha.
"Você come de forma saudável e, ao mesmo tempo, sensibiliza a sua família e a empregada, que sensibiliza a família dela. Então, quando você aprende que determinados sucos e alimentos fazem bem, passe à frente isso, porque isso melhora em um todo. Vai ser bom para todo mundo", aconselha João Curvo.

globo repórter comida viva



Comida viva

Reportagem: Ismar Madeira (Campos do Jordão, São Paulo)

Prato do dia: verduras, legumes, frutas e sementes germinadas. É a comida viva!

"Eu tomava remédio para pressão e não tomo mais. Emagreci dez quilos com uma alimentação natural que qualquer um pode fazer em casa", conta o aposentado Orlando Asse dos Santos.
Não é milagre. É o resultado da orientação médica, que seu Orlando recebeu em um posto de saúde de Campos do Jordão, em São Paulo. Tudo de graça, pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Foi com o médico Alberto Gonzalez, pesquisador da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que ele e muitos outros pacientes começaram a aprender que comida é remédio.
"Há influências bastante claras na obesidade, na constipação, na inflamação crônica, na dislipidemia – que é o desequilíbrio do colesterol –, nas doenças gastrointestinais e respiratórias e no diabetes", aponta Alberto Gonzalez.
Mas, afinal, o que é comida viva? A receita é simples: nada pode ser cozido, frito ou assado. Os alimentos são de origem vegetal. E para começar bem o dia, um suco poderoso.
Se uma pessoa que não tem uma doença diagnosticada nem se sente mal resolver experimentar esse alimento vivo, que resultados vai sentir?
"É muito importante que eu, me apresentando como médico, diga que alimento vivo é bom para quem está doente, mas o alimento vivo é uma alimentação para quem está sadio e quer se manter sadio", esclarece Alberto Gonzalez.
Decidi experimentar. Em dez dias, que resultados eu veria?
"Em dez dias, vai haver uma grande liberação de água do seu corpo. Muita água retida vai ser eliminada. Você também vai notar mudanças no âmbito da digestão e da disposição, principalmente após as refeições, Você vai se sentir muito bem disposto", adiantou Alberto Gonzalez.
Doutor Alberto troca o jaleco pelo avental. Hora de arregaçar as mangas e mostrar como se prepara o suco. "O grande equipamento é um liquidificador. Depois de tudo lavado, você começa a fazer o suco. Primeiro, picota o pepino. O pepino vai para perto da hélice, porque ele é um grande gerador de água. Aí vem a maçã. Vamos extrair a água do pepino, da maçã e das verduras orgânicas disponíveis com uma cenoura. E, finalmente, as sementes de girassol germinadas. Você pode usar só trigo, girassol, quinoa, gergelim, amêndoa. O ideal é a semente germinada”, ensina Alberto Gonzalez.
Este é o grande segredo da comida viva: grãos germinados. E se você já está se perguntando como vai fazer para conseguir essas sementes, não se preocupe.
"Em seguida, coamos. Fica uma massa consistente. É um coador de voal, que qualquer um pode ter. As pessoas com mais recursos usam uma centrífuga. É o café da manhã. É bom que seja um copo grande. Tem pão, manteiga, café e leite, só que em forma natural, viva e repleta de nutrientes vivos", ressalta Alberto Gonzalez.
Não é um suco ralinho, parece um leite ou algo muito cremoso. É em um casarão que doutor Alberto Gonzalez ensina receitas de alimentos vivos. Alguns pacientes são encaminhados para o local e aprendem que, além do suco, podem fazer pratos coloridos e saudáveis, como a caldeirada de frutos do mato.
Legumes ralados, picadinhos. Basta prensar os alimentos, uma técnica feita com as mãos, para controlar a temperatura da panela. Afinal, nos chamados alimentos vivos, legumes e verduras não podem ser cozidos.
"Se começar a queimar as mãos, tem que desligar. Se não queimar a mão, não vai queimar os alimentos também", explica uma funcionária do hospital.
“A carne é uma questão de herança cultural. Eu não vou chegar em uma aldeia de pescadores e dizer: parem de comer peixe. Comam o peixe, mas incluam na sua vida os alimentos que vêm da mãe terra. Porque eles vêm com a informação que você precisa", diz Alberto Gonzalez.
"Não posso dizer que sou vegetariano. Uma vez por mês eu não recuso um churrasquinho, mas também não sou escravo da alimentação. Como tudo que eu gosto, com uma certa regra", conta seu Orlando.
"Sempre digo que tudo que é verde faz bem para o que é vermelho. Quem está com doença cardiovascular volte-se para o reino vegetal. Alimente-se de tudo que é verde possível que a recuperação cardiovascular vem a reboque", aconselha Alberto Gonzalez.
Em casa, seu Orlando segue a orientação diariamente e faz questão de plantar suas verduras: "Eu aproveito qualquer cantinho. Uma jardineirinha da loja de R$ 1,99, um pouquinho de terra e brota um trigo bonito".
A grama de trigo usada no suco nasce de sementes comuns compradas no supermercado e simplesmente jogadas por seu Orlando na terra. "Todos os espaços, o quintal do vizinho, por exemplo, eu coloquei trigo há 15 dias e já está nascendo. Temos couve e outras hortaliças espalhadas no meio da vegetação. Uso de sete a oito qualidades para fazer o suco por dia", conta.
Será que é mesmo tão fácil assim? Nos dez dias em que testamos o suco também experimentamos a preparação dele, até em cozinhas de hotel. Se eu consegui, qualquer um consegue.
Mas, antes, é bom lembrar: estávamos no restaurante de um hotel na cidade turística de Campos do Jordão, e as tentações estavam servidas. Eram 9h. Eu jantei no dia anterior, às 20h30. Ou seja, havia mais de 12 horas. O estômago já estava reclamando. A mesa do café da manhã era farta. Em vez de optar por tudo o que eu normalmente comeria, fiquei só com as frutas e o suco verde.
Logo pegamos a estrada. Acompanhamos doutor Alberto Gonzalez até a casa de um paciente. A viola dá o tom. O lavrador Benedito Vicente da Rosa leva uma vida simples. Mora com a mulher no alto de uma colina, em um lugar onde não tem luz elétrica. Mas sobram ar puro e produtos tirados da terra sem agrotóxicos. Faltava saber como aproveitar todos os seus nutrientes. Foi o que seu Benedito aprendeu nas consultas pelo SUS. Visitas periódicas fazem parte do Programa de Saúde da Família.
Há um ano, o lavrador mal conseguia ir ao posto de saúde, por causa de uma trombose na perna esquerda, uma ferida enorme não cicatrizava.
"Estava muito machucado, era uma ferida só. Tinha um roxo que parecia uma lesão só. Tomei o suco e fechou tudinho, foi uma beleza. Eu já estava até desenganado", comemora o lavrador.
Doutor Alberto Gonzalez explica: "Os vasos da perna dele não chegavam até a intimidade do tecido, por conta do problema vascular. O suco promoveu o fenômeno denominado neovascularização, de crescer novos capilares onde não tinha".
Mas o médico alerta: "Se você está usando remédios e quer mudar para o suco, consulte um profissional médico. A pessoa que tem um problema grave de pressão arterial ou problema grave de perfusão sanguínea do próprio coração não pode parar de tomar o remédio. Eu trabalho usando remédios e o suco. Os remédios vão sendo tirados à medida que os resultados com o suco vão aparecendo. E isso depende da adesão do paciente".
Seu Benedito se empenhou de verdade para ver o resultado. Afinal, o que já seria difícil na cidade grande poderia até ser impossível para quem vive sem energia elétrica – sem um liquidificador.
"Tentei socar no pilão, mas espirrou muito. Tive que inventar outro modo. Daí, foi no ralador. Achei que foi importante", diz seu Benedito, que colhe os ingredientes, rala e espreme tudo com as mãos. "É um verdadeiro remédio. A perna sarou que é uma beleza! Não tem mais nada, está forte. Já estou imaginando até jogar bola. Eu gostava muito de jogar bola. Fazer isso todo dia é difícil, mas sem esforço ninguém consegue nada".
A germinação dos grãos é que dá força ao alimento, potencializa os nutrientes. É o que garante a mais antiga pesquisadora da comida viva no Brasil, a designer e professora Ana Branco, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). A primeira semente foi ela que plantou. Há 15 anos, Ana Branco reúne conhecimentos que ela passa adiante.
Preste atenção: é o passo-a-passo para você também aprender a germinar as sementes na sua casa.
"Colocamos a semente de girassol de molho na água. Vamos dormir e a semente vai acordar. São oito horas de molho na água. É o tempo de dormirmos e ela acordar. Na manhã do dia seguinte, jogamos a água fora e deixamos escorrendo em algum apoio por mais oito horas. Depois de oito horas de molho na água e oito horas no ar, é só darmos uma lavadinha antes de consumirmos. Podemos olhar o que aconteceu com a semente germinada. Dá para ver o narizinho que está nascendo. Nesse ponto, podemos consumir. Assim, comemos a energia vital contida nela. E ficamos forte que nem ela", diz Ana Branco.
Para ela, uma filosofia de vida que germinou e deu frutos. Muitos já aprenderam os segredos da alimentação viva em cursos e em uma feira na PUC-RJ.
"Nós começamos com o suco quando eu estava grávida da minha terceira filha. Meu marido faz o suco, fazemos para a família toda. Isso já acontece há três anos", conta a professora Rosana Cunha Pinto. "O grande barato é chamar as crianças para fazerem junto com você. Pede para uma pegar uma maçã, pede para outra segurar uma hortelã. E assim a gente vai cortando e preparando o alimento junto".
Eu bebi suco durante dez dias. E não foi difícil, mesmo fora de casa, dormindo em hotéis, comendo em restaurantes. Logo no primeiro dia, eu fiz exames de sangue que mostraram que a minha saúde vai muito bem. Taxas como colesterol e glicose, por exemplo, estão ótimas. E, por causa disso, eu resolvi não mudar mais nada na minha alimentação. No almoço e no jantar, continuei comendo o que estou acostumado e gosto: arroz, feijão, carne.
Mesmo assim, substituindo só café da manhã, o suco fez efeito. Perdi 2,1 quilos. Eu também senti outras mudanças que não podem ser medidas. A primeira: comecei a sentir menos fome nos últimos dias. E a segunda: mudança no apetite. Já não tenho tido mais tanta vontade de comidas pesadas. Pode ser resultado do suco.



http://grep.globo.com/Globoreporter/0,19125,VGC0-2703-20159-3-328478,00.html

Salsa Finta & Almond Polpetta




Salsa Finta Ingredients

1c sun Dried Tomatoes
2c fresh Tomatoes
1 soft date
1 clove garlic
1T lemon juice
3T olive oil
5 large basil leaves
1/4c water
Almond Polpetta Ingredients
1c almonds - soaked
2T nutritional yeast
1/2t salt
2t lemon juice
1/4c salsa finta
3T fresh chopped parsley
1T Italian herbs
1/4c onion

Serves 4
Salsa Finta
- Blend all ingredients in a high-speed blender.
Almond Polpetta
- Grind the almonds to crumbs, in a food processor.
- Add remaining ingredients and process again until thoroughly mixed.
- Form into small balls and dehydrate for 6 hours or until they are slightly crunchy on the outside and soft on the inside.
To serve
Take a couple of handfuls of mixed leaves per person (a mix of rocket & chard is great), and mix with strips of courgette (zucchini) pasta. To make enough courgette pasta for 4 people, use the following recipe:
4 medium courgette¼c olive oil2t salt
- Cut the courgette length-wise in a mandoline. Lay the strips on top of each other and, using a knife, cut them length-wise into fettuccini-style strips.
- Mix the strips with the olive oil and salt in a large bowl and allow to soften for a couple of minutes.
- Mix the polpetta with the salsa, and place even amounts on top of each courgette salad (the pasta strips and leaves, mixed) that you have arranged on the plates.

http://www.therawchef.com/index.php?option=com_recipe&view=recipe&layout=defaults&rec=63

buckwheat bread




1/2c olive oil
1 1/2c sun dried tomatoes
3c sprouted buckwheat (2 1/2c when dry & unsprouted)
1 1/2c flax meal*
3 1/2c peeled courgette
roughly chopped
2c apple
cored and roughly chopped
3T lemon juice
2 avocados
1 large onion
1/2c minced parsley
*Flax meal is simply flax seed (also known as linseed) ground in a high-speed blender or coffee grinder.


Process the olive oil, sun dried toms, sprouted buckwheat, courgette, apple, lemon juice, avocados, onion and herbs until thoroughly mixed.- Transfer to a large bowl and mix with the flax meal by hand. The reason you do this separately (not in the processor) is that you are likely to have too much mixture for the size if the processor at this point, and when you add the flax meal it will become quite heavy and sticky and overwork your machine.- When mixed, process the whole batter in the machine again, but in small batches to achieve a light fluffy texture.- Divide the mixture in half and place on Paraflexx sheets on dehydrator trays.- Use a spatula to spread the mixture evenly to all 4 sides and corners of the Paraflexx sheet. If mixture is too sticky you can wet the spatula to make things easier. With a knife score the whole thing into 9 squares.- Dehydrate for 2 hours and then remove the Paraflexx sheets by placing another dehydrator tray and mesh on top and invert so that your original sheet of bread is upside down. That will allow you to peel the Paralexx sheet off and continue to dehydrate the underside of the bread.- Dehydrate for approx 8 hours more (do this overnight so you’re not tempted to eat it before it’s ready) or until bread feels light in your hand. If the pieces don’t fully come apart where you scored, use a knife to cut them.


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